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sexta-feira, 19 de julho de 2013

Através do Tempo e do Vento

Creio que nada possa fazer um bom leitor mais feliz do que encontrar o livro que o prenda desde a primeira até a última página, e que o marque de diversas formas. Como um dos meus objetivos neste blog é divulgar bons livros e boa música, tenho que pedir licença para falar dessa obra que li ao longo de dois meses e que me fez ficar acordada até tarde, com a luz acesa, lendo o tempo inteiro.
O Tempo e o Vento, obra literária de Érico Veríssimo, entrará para a lista dos mais incríveis livros que já li. A série, dividida em três volumes - estes divididos em sete livros no total - estava na biblioteca da escola onde estudo, e sempre me chamaram muito a atenção, até o dia em que decidi lê-los, e me surpreendi. Os três volumes, O Continente, O Retrato e O Arquipélago, contam a história do estado do Rio Grande do Sul  e do Brasil ao longo de 200 anos. Sim, duzentos anos de história contados em forma de romance, com personagens marcantes, como Ana Terra, Bibiana, o Capitão Rodrigo e seu bisneto, Dr. Rodrigo.





Tudo começa quando uma mulher grávida chega a uma colônia de padres jesuítas e índios, no território dos Sete Povos das missões, em 1745, quando a região do Sul do Brasil ainda era pouco habitada, e disputada pelos índios, portugueses e espanhóis. A mulher dá à luz o índio Pedro Missioneiro, que presencia as lutas de Sepé Tiaraju, herói local, e vê sua aldeia ser destruída. Pedro, então, conhecerá Ana Terra, filha de Maneco Terra, comerciante de mulas de Sorocaba, que encantou-se pelo Rio Grande de São Pedro, e recebeu uma porção de terras, para onde se mudou com a família. Com o índio, Ana Terra tem um filho, que também se chamará Pedro, e após ter a estância invadida e saqueada e seu pai e irmão mortos por castelhanos, Ana Terra terá que ir embora com o filho, a cunhada e a sobrinha, partindo para o povoado  de Santa Fé, que começa a surgir. A trajetória da família acompanha a transformação do povoado em cidade, até o tempo do Estado Novo (1945).

A neta de Ana Terra, Bibiana, apaixona-se pelo forasteiro Capitão Rodrigo, um homem que amava a vida de todas as formas, e a partir daí é formada a família que habitará o Sobrado.
Segue abaixo uma árvore genealógica da família, desde as origens de Ana Terra e Pedro Missioneiro, até Floriano Cambará, que duzentos anos depois escreverá o romance que conta a história da família.
























A série conta diversos fatos históricos, entre eles, a Revolta Farroupilha (1935), o Primeiro(1822-1831) e o Segundo(1831-1889) Impérios, a República Velha e a Revolução de 1930, sempre destacando de forma explícita o modo de vida do gaúcho.
As mulheres de O Tempo e O Vento são sempre muito fortes, como Bibiana, que luta para reconquistar o terreno da casa onde cresceu e onde mais tarde foi construído O Sobrado, que resiste a dois sítios à sua própria casa, vendo o filho morrer à sua porta e vivendo quase até os cem anos. Seu bisneto, o Dr. Rodrigo, também é visto como um grande personagem, com sua história contada em O Retrato (o título refere-se ao retrato do personagem pintado quando este tinha vinte e quatro anos, que chamava atenção na cidade de Santa Fé), fazendo parte da política local e atuando de forma contraditória, sendo um homem que vivia como podia, apesar de acabar traindo seus ideais.


O Tempo e Vento teve várias adaptações para a televisão, primeiro como seriado da TV Excelsor, um ano depois da publicação de O Arquipélago (1967), exibido às 21:30h, com 210 capítulos. Mais tarde, em 1985, O Continente foi minissérie da Rede Globo.



Monumento em homenagem a Sepé Tiaraju, na cidade de São Luiz Gonzaga, RS